O Ritmo das Coisas que Duram

Cena intimista de escrita, com folhas em branco sobre uma mesa de madeira envelhecida, ao lado de um tinteiro e uma caneta metálica sob luz quente e suave.

Escrever Além das Vinhas – Negócios e Herança foi como acompanhar a trajetória de empresas que resistem ao tempo e atravessam décadas: há momentos de expansão que animam, períodos de silêncio que exigem paciência, e fases em que a história amadurece sem pedir licença — mesmo quando a urgência do mundo insiste em pressionar.

O livro nasceu de uma inquietação antiga:
o que acontece quando a tradição encontra a velocidade do presente?
E, mais fundo ainda: como uma organização pode crescer sem romper com aquilo que lhe dá identidade?

A Casa Vasconcelos, cenário central da narrativa, não surgiu pronta. Ela foi se revelando como se revelam empresas familiares que sobreviveram a crises, modas, ciclos econômicos — um gesto de cada vez, uma memória resgatada, um dilema reaberto. Primeiro veio Augusto, com seu senso quase instintivo de proteger o legado. Depois, João, carregando a impaciência de quem aprendeu a medir o tempo em resultados imediatos. E, entre os dois, um patrimônio que não cabe só em números: aquilo que sustenta uma empresa quando o mercado gira rápido demais.

Ao escrever, percebi que o romance não era apenas sobre negócios ou vinhos, mas sobre o custo invisível das decisões estratégicas. Sobre o peso que cada escolha carrega quando envolve cultura, história, expectativas e pessoas que, de algum modo, depositaram esperança naquela organização.

Muitas cenas nasceram de conversas que ouvi em conselhos, de histórias de empresas que resistiram à pressa do mercado, de gestos quase imperceptíveis que revelam onde mora a verdadeira identidade de um negócio. Outras emergiram da fricção necessária entre eficiência e sentido — esse ponto tenso onde, muitas vezes, as melhores histórias começam.

Não trago spoilers aqui.
Apenas a atmosfera que guiaram esses bastidores: a percepção de que decisões empresariais não se fazem só com análises e projeções; fazem-se também com a consciência de tudo o que se coloca em risco — até o que não está escrito em lugar nenhum.

Além das Vinhas nasceu desse mergulho: um romance que dialoga com estratégia, cultura organizacional, legado e propósito, mas que se ancora, sobretudo, na pergunta que atravessa empresas duradouras:
como evoluir sem perder o que nos sustenta?

Nos bastidores, aprendi que escrever — assim como gerir — é, no fim das contas, encontrar o ritmo certo. E respeitar o tempo de cada decisão.

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